Botafogo apagado por Renato Paiva
- Agência ZeroUm
- há 56 minutos
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Sobra convicção, falta trabalho. O calvário alvinegro na Bahia.

O Glorioso foi até Salvador encarar o Bahia sem Gregore suspenso além de Savarino e Barboza lesionados. O técnico Renato Paiva, ex-Bahia, optou pelas entradas de Patrick de Paula e Newton no meio campo, desfazendo o modelo de armação que permitiu uma melhora criativa nas últimas partidas do Botafogo, mas manteve Mastriani ao lado de Igor Jesus, baixando ainda mais a percepção de mobilidade no ataque carioca.
Na prática, o que se viu em campo, foi um time capaz de levar sustos o tempo inteiro por não ser capaz de triangular de forma precisa, ágil, abrindo brechas para que o Bahia pudesse incomodar. Para ter mais controle, o Botafogo passou a partir dos 25 minutos da primeira etapa a tocar a bola lateralmente. Sem que fosse uma estratégia, apenas um toque sem movimento, sem abertura de espaço. Fruto de um time sem leitura do jogo. Sem o desejo de controlar verdadeiramente a partida.
Para além dos toques improdutivos, o Glorioso seguia com um último terço pouco eficiente e sem poder de combate no meio-campo. Newton e Patrick, escolhas do técnico, não possuem perfil semelhante ao de Gregore. Talvez, no elenco, não exista alguém equivalente. Marlon, titular, também não possui e esse fator também desequilibrou em desfavor do Botafogo que, ao marcar, via Newton recuando demais, tal como um terceiro zagueiro, centralizado. O deixando longe do local em que ele costuma conseguir bolas com mais profundidade e encontrar o atacante.
O conjunto de fatores, e das escolhas tomadas para os 11 iniciais, obrigaram o Botafogo a voltar para armar as jogadas ainda de costas para o ataque. Jogadas que tiveram maior volume quando Cuiabano era acionado. Vitinho, mais uma vez, não teve noite feliz. E, sem conseguir criar ou destruir, o meio-campo do Glorioso era facilmente engolido pelo Tricolor.
Em uma dessas investidas, ainda no primeiro tempo, o Bahia ganhou uma bola no meio-campo, aplicou um belo lençol na marcação e lançou na ponta. Juba recebeu em diagonal, frente a uma marcação dobrada com Marlon e Newton. O lateral passou entre os 2 marcadores e avançou na grande área até chegar em Jair, cruzou. Cauly completou com facilidade pro gol: 1x0. E festa na Fonte Nova.
O Botafogo não conseguia reagir e só voltaria a incomodar no segundo tempo, em belo contra-ataque em que Arthur finalizou mal, em cima do goleiro. Chance clara e repetida, também, por Igor Jesus. Ambos parados pelo goleiro Tricolor, oportunidades que poderiam mudar o panorama da partida, mas não deveria esconder as péssimas e frequentes escolhas do comandante alvinegro.
É triste ver um elenco campeão tão perdido e apagado por um modelo que não se sustenta. Fica até em segundo plano o debate da expulsão ou não de John. Para um time que não consegue competir e para um comandante que não consegue enxergar as mudanças possíveis com os recursos que têm, o Botafogo briga contra si mesmo.
Renato Paiva, sim, não tem responsabilidade no planejamento e na construção do elenco. Mas possui material humano capaz de fazer melhor, talvez com as ideias ainda de 2024, com o Botafogo Way que prometeu manter. Está visivelmente em desalinho. Com um elenco que não consegue efetuar tão pouco do que se exige, pela falta de sentido em jogar da forma que se joga. A falta de leitura de jogo, a falta de ambição pode ter um preço ainda mais caro que as copas perdidas no início do ano. O Botafogo carece de confiança frente à identidade que perdeu no caminho. É hora de rever a estrada.
Bruno Velasco
Agência ZeroUm
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